domingo, 9 de setembro de 2012

Anseios e Sufocações. Desafetos e Luxurias


Me sinto sufocado. Preciso de um lugar para fugir. Um lugar alto. Tem dias que acordo sem vontade de acordar. Tem dias que quero fugir. Um lugar para me esconder. Eu procuro por todos os lados e não vejo nada. Não quero uma nutrição. Quero me sentir nutrido. Quero correr. Quero voar. Desmembrar estas correntes que me cercam. Quero estar longe das paranóias dos seres humanos. Longe de suas doenças mentais. Me sinto com a corda presa no pescoço na beira de um precipício. Se for para continuar assim eu prefiro me jogar. Sua paranóia me sufoca. Me aborta. Sua paranóia me anula. Suas crenças são psicóticas. Nada disso faz sentido para mim. Querem me fazer acreditar que existem barreiras e muros intransponíveis. Querem me entupir de culpas em suas utopias de desgraças. Então me sinto como se meu corpo fosse ficar miúdo. Encolhido. Devorado pelo mundo. Me sinto um estranho na rua. As pessoas que conheço, não conheço mais. Não sei quem são. São estranhos. Falsos e destruidores. Querem devorar o meu bem. Sugar minha alma até a ultima gota. Tenho a sensação de estar sendo esmago por um trator. Meu espírito se contorce dentro de mim. Sinto anseios. Tenho sentimentos explodindo dentro de mim. Amor, ódio, medo. Uma agonia que rasga as paredes do meu estômago e pressiona os pulmões de maneira que não consigo mais respirar. Não consigo estar perto de mais ninguém. Sinto ódio por todos.
Estou preso em um mundo lá fora. Trancado e esquecido fora de casa. Os caminhos que percorro são estreitos e escuros. Paredes sussurram em minha volta. Ouço risos e gritos.
Você veio de onde? A única coisa que posso ouvir agora é o silêncio. Sinto desejo por gritar. Eu grito. Berro. Esmurro todas as paredes até sentir dor. Até minhas mãos sangrarem. Cacos de vidros rasgam a sola dos meus pés. A dor que sinto é um grito de morte. Me sinto como um sol beijando o mar. Alguém que grita de maneira silenciosa. Ofuscado pela água salgada de minhas lágrimas secas. Eu rezo. Grito. Esmurro. Choro. Ela não vem. Ela não escuta. Ignora. Ela se faz de surda. Cega, surda e muda.

Eu só quero encontrar a minha paz. Sem ninguém me questionando. Sem nenhum laço no pescoço a beira do precipício.
Me sinto de maneira errada. Um erro. Alguém que foi escarrado no meio de todo esse lixo banhado a ouro. E eu tento respirar. Busco o oxigênio. Mas pareço morrer sufocado em meio a toda esta merda. Alguém que nada e morre afogado na vala. Alguém que bóia sobre a superfície cagada e fedida.
À minha racionalidade parece ter sido imbecilizada. Um grau retardatário de longo grau. Não quero tais dependências de estar esperando por algo que nunca chega. Não acredito na felicidade recipocra. Não acredito na responsabilidade de sermos responsáveis pela felicidade alheia. Não acredito no amor que damos por acharmos que iremos recebê-lo em troca. É como beijar a parede e esperar que ela lhe beije também.
É tudo tão podre. É tudo de maneira errada. É tudo muito vazio por achar que alguém irá lhe complementar. É tudo muito dependente e farsante por querer comprar um bem que fazemos pelo simples fato de fazer.
Preciso de um lugar para repousar. E sinto a necessidade de chorar e descarregar toda esta atenção banhada a aparências. Eu não quero o seu rosto. Não quero a sua beleza. Não quero seu cordão de diamantes banhado a ouro. Eu só quero que você seja apenas você mesmo. Não quero uma conquista banhada a aparências. Só quero a verdade e o amor que podemos doar uns aos outros. É só quero o bem. O jeitinho que temos em encantar uns aos outros. O amor dado sem a responsabilidade de ser cobrado de volta. Um amor livre.
Eu só quero que entendam que ninguém me salvou de mim. Ninguém pode me salvar de mim mesmo. Não cobrem pela minha atenção, porque isso é algo que eu dou dado sem responsabilidades e contratos. É algo inegociável. O valor da conquista não é um valor a ser cobrado.
Eu só quero um lugar calmo. Para me esconder. Para respirar.
Sou feito de carne e osso. Quando me enjôo, sinto vontade de vomitar.
Sou o fruto de minha própria maldição. Entre a bondade e a ausência.
Noite ou dia. Um encontro entre o acaso e mim mesmo.
Um amor estranho de um encontro não marcado de um romance e luxuria.
Quando sinto sede, eu bebo. Quando sinto fome, eu como.
O doce quando muito doce, mela. Quando mela, enjoa.
Gosto de escandalizar. Dançar, cantar e berrar. Colocar para fora a fúria de meus desafetos.
Sou feito de sonhos e pesadelos. Da mesma maneira que posso amar, eu posso odiar.
Eu tenho minhas próprias armas. Sigo os meus desejos sem medo de errar.
Faço o que quero, o que gosto e o que preciso para ser eu mesmo.
Estou constantemente vivendo e fazendo o meu caminho.
Criando meus espaços, me contorcendo. Dançando dentro de mim mesmo.
Sua maldição não ecoa em minha alma.
Penso em muitas coisas, e muitas não digo. Também muitas que digo é para confundir.
Quem pensa que me conhece se engana, porque apesar de doce, se me morder corre o risco de ser muito amargo.
Obrigado. Seu amor me conforta quando as armas disparam pregos na inútil tentativa de me imobilizar. E minha munição nunca acaba porque eu mesmo fiz questão de inventar.
Na certeza de ser, só eu mesmo tenho a certeza do que posso me tornar.
É inútil tentar me explicar.

Agora me deixe aqui sozinho. Preciso respirar.

Jonathan Villaça

sábado, 8 de setembro de 2012

Estive pensando em criar uma fortaleza

Estive pensando em criar uma fortaleza. Esconder-me por trás das flores do jardim que eu mesmo criei. Moldando-me em um novo mundo. Um estado mental e racional criado por minha própria mente, criando minhas próprias armas e travando minhas próprias batalhas. Estive pensando em penetrar em minhas próprias profundezas, me afogar na liberdade de enfrentar meus próprios pesadelos. Irei preparar um novo tempero para apreciar meus próprios venenos. Curando-me de mim mesmo.

Pude relembrar dos sonhos que sonhei um dia, já posso sentir o gosto e o cheiro de tudo que vivi. Já posso estar onde nunca estive por não depender da amargura do passado em que estive.

Em meu peito posso sentir o abrigo de um coração que bate e do sangue que jorra em minhas veias. Posso senti-lo subir pela cabeça. Posso sentir o ar que filtra meus pensamentos.
Estou acordado. Tiros disparados contra mim, já não posso senti-los. Não posso ouvi-los, estou muito longe para poder navegar em seu desespero doentio.
Inatingível, acima da velocidade da luz.
Estou atendo.
Estou seguro.

A beleza das palavras que me foram ditas não me ilude.
A violência dos verbos colocados contra mim não me abatem.

A vaidade que julgamos, é a cegueira de uma mente incapacitada de pensar.
Já me perdi por labirintos em que eu mesmo criei.
Já fiz com que se perdessem em meus próprios labirintos.
Já estive longe. Já estive perto.
Minha boca seca é o deserto que alimenta o néctar de um novo amanhã.
Já escalei porões das profundezas da escuridão que protegem meus segredos.
Já beijei a luz sem que meus olhos pudessem arder.
Já quis me jogar em abismos sem fundos.
Já quis morrer para poder acordar.
Já engoli lágrimas com os olhos.
Já chorei sem que houvesse lágrimas.
Já gritei sem que pudessem me ouvir.
Lutei contra meus próprios demônios e luxúrias.
Meus pés tropeçaram, mas consegui ficar de pé.
Já amei quem não merecia o meu amor.
Já presenciei o amadurecimento.
Já vi corações apodrecerem por completo
Um coração que nunca cansa de bater.
Um universo pronto a me devorar de maneira que me faça sentir miúdo.
Um pequeno grão de areia.
Pude voar e me observar lá de cima.
Não me interesso por bolas de cristal. Mas sei dos feitiços que a vida nos joga.
Vivo um romance comigo mesmo de maneira mágica.
Já naufraguei em grandes oceanos. Mas pude ser meu próprio bote salva vidas.
Olho pela janela do quarto. Procuro entre o escuro das estrelas.
Estive pensando no escuro da noite que habito.
Estive pensando em disfarçá-la com flores como se fosse um jardim.


Jonathan Villaça

 
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