quinta-feira, 28 de março de 2013

Não sei

O que antes me parecia doce, agora parece não ter gosto.
Acho que perdi o gosto, por querer o que agora não quero mais.
O que não sinto palavras, o que não quero dizer.
O que não mais quero compartilhar, com o que me parecia um sonho.
Essa perfeição, ou quase perfeita.
Ou o que era e deixou de ser.
Olhou para dentro, sem que olhasse para fora.

Eu não sei.
Mas sinto que perdi o gosto por querer demonstrar algum tipo de atenção e afeição.
Fechei-me.

quarta-feira, 27 de março de 2013

É tuto verdade


Uma caixa com fósforos usados. Então você joga a toalha suja de porra no canto do banheiro e limpa as mãos.
Bebe pouca água. Seu fígado está atolado de trabalho. Muito ansiolítico, muito álcool, muita cocaína, muita porcaria. Suas olheiras apenas confirmam o que ninguém duvida. Então tu te jogas na cama e olha o teto, pensa em rabiscar alguma frase de efeito na parede. A noite fica num silêncio delicioso e só se ouve o barulho dos quartos refrigerados. Se tiver sorte, algum casal trepando num apartamento ao lado, uma vadia gemendo, se tiver azar, apenas o barulho das molas no andar de cima.
Pensa no dia de ontem, pensa no amanhã, pensa sobre as tarefas domésticas, as contas, os compromissos de trabalho e toda esta ladainha cotidiana que nos coloca bem de frente para o que realmente somos. Escravos.
E todo esse lenga lenga da televisão, os jornais acumulando em cima da mesa da sala, os policiais armados, os bandidos falando gírias, os adolescentes retardados, a dinâmica perfeita do desejo pelo suicídio da espécie.
Que nada. Você liga o som alto pra caralho, mas só no seu ouvido. Ouve umas guitarras destorcidas e sente vontade de quebrar a cara de um desses dementes que andam pelas ruas sorrindo e mascando chiclete, como se estivesse ruminando feito um boi. Não é que a felicidade lhe incomode, eu sei. É que você não entende do que tanto estão achando graça.
Vê um mendigo andando na contra-mão e imagina que ele possa ser atropelado a qualquer momento e todas as partes de seu corpo serão atiradas ao além. Que grande merda. O cheiro da cachaça entorpece seus sentidos. Esse mendigo é mais digno que o filho da puta que desceu no elevador logo cedo ostentando um Iphone que comprou em 100 vezes sem juros.
Olha para aquele troféu de que ganhou quando jogava futebol pela escola e pensa: "Caralho, eu quis ser jogador de futebol um dia".
Foda-se tudo.
Se deixou os pratos sujos na pia e o resto de vinho de alguns dias atrás, sabe que não terá ninguém pra lavar.
Vai alimentar as baratas e depois observá-las sem medo transitando pelo chão da sua cozinha. Isso pode parecer decadente, mas é glamour.  Neste mundinho depressivo em que as pessoas engolem medicamentos feito jujubas para suportarem ser o que não querem, e descobrem que pela internet podem ser o que sempre sonharam, então por quê levar alguma coisa a sério?
Você não enxerga mais nenhuma utopia. O máximo que suas amigas querem é uma bunda grande e seios novos e seus colegas? Uma boneca inflável. Ninguém ama ninguém.
Ouviu dizer que o mundo iria acabar em breve, leu sobre conspirações, debateu sobre filosofia no boteco tomando cerveja e viu na fumaça do cigarro a piada que é ser honesto num país de merda.
Toca o celular e é sua ex namorada te cobrando alguma satisfação de alguma merda que você escreveu num desses sites de relacionamentos. Todas as amigas dela divagam sobre o quão cafajeste tu fostes. Pobres donzelas. Todas com suas coroas de galhos na cabeça, sonhando com príncipes encantados e dormindo com porcos comedores de travestis.

Você precisa é de umas férias. Mas não tem dinheiro.
Você precisa de um revólver para assassinar uma meia dúzia de idiotas que não merecem o oxigênio poluído que respiram nesta cidade. Você precisa é de uma dose de uísque. Não param de chegar e-mails com todo tipo de produto. Como eles sabem seu nome? Dilatadores de piroca, fotos amadoras repletas de vírus, promoções de animais de estimação e o mundo só piora.

Lembra quando você achava que viva uma vida de merda?
Agora você ri, porque tem a chance de encontrar um maldito desses que pensam que sabem de tudo e dar um escarro na cara dele.
Ontem você dormiu no sofá de novo. Antigamente acordaria com a televisão fora do ar, mas os pastores compraram todos os horários.  Você reparou que eles se aproveitam do desespero, da solidão, da culpa dessa gente fudida que acha que poderá mudar os rumos entregando o coração a Jesus. Você conhece até umas pessoas que conseguiram mesmo. Mudaram. Saíram dos excessos mundanos e agora cometem excessos espirituais, porque tem medo do inferno. Você não tem medo do inferno porque convive com ele todos os dias na sua cabeça. Seus demônios gargalham entre uma trepada e outra pelas baladinhas na rua das Boates.

E sabe do que mais?
Quem esses merdas pensam que são para falarem alguma coisa a seu respeito?
Eles nem te conhecem.

A filha do porteiro é uma gracinha. Quando ela volta da escola você fixa a mente entre as coxas dela. Mas sabe da maior?
Ela já está grávida. Tá desesperada procurando com o namorado uma clínica de fundo de quintal que enfie uma agulha de crochê no seu útero  e retire esse feto maldito de seu convívio. Se o pai descobrir, mata ela de porrada.

Você decorou um poema novo e logo mais vai recitá-lo no meio daquele bando de poetas bêbados e fudidos.
Você pirou de vez.

Você deve procurar uma terapia imediatamente. Dessas feita por hippies que entendem de energia positiva e pedras com super poderes.

Uma caixa com fósforos usados. Então você joga a toalha suja de porra no canto do banheiro e limpa as mãos.
Um novo dia para fazer tudo errado de novo.

Vai lá e mostra pra eles como é que se diverte, rindo muito doido no espelho.
Bando de gente imbecil.
Todos doentes querendo a mesma merda.
Você tem orgulho de não ser como eles.

No fim...
Você foi reprovado por mau comportamento.
E o que é melhor?
Não fez questão de passar de ano vestido de branco.
Por que essa felicidade fajuta que estão esfregando na cara de todo mundo, você desprezou.
Então senta na cadeira de frente pra janela e sorria.

É tudo verdade!

sábado, 23 de março de 2013

Este tempo. Meio Azul, Meio Cinza

Não marco meu tempo com datas, feriados, sabedoria gasta, guardiões do carma secreto. Convenientes... 
Sou feito pelos meus tempos.
Sou uma criação do agora.
Eu não tenho muito, mas o que eu tenho é de ouro.
O tempo necessário, o suficiente sem que tenha de ser moldado a padrões estabelecidos pela sociedade.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Eu não quero


Querem me vender o paraíso.
Querem me vender vida após a morte.
Querem me vender pesadelos.
Querem me vender intrigas.
Querem me vender amigos e inimigos.
Satisfação.
Conforto.
Querem me vender suas lógicas.
Querem me vender suas filosofias.
Querem me vender intenções.
Uma vida que não é a minha.
Sentimentos que não são os meus.
Querem me vender encenações.
Querem me vender conceitos!
Futilidades em geral.
Querem me vender seus motivos.
Querem me vender um DEUS.
Querem me vender um Diabo.
Querem me vender a paz!
Salvação!
Querem me vender plenitude.
Querem me vender glória.
Querem me vender heróis.
Comédia.
Querem me vender sorrisos.
Espaços.
Influência.
Fama.
Prestígio.
Querem me vender sonhos.
Querem me vender uma profissão.
Querem me vender um futuro.
Moral e bons costumes.
Querem me vender padrões.
Querem me vender status.
Querem me vender uma maneira de pensar.
Eu não me importo com nada do que lhes importam.
Querem me vender amor.
Querem me vender sentimentos que não sinto.
Querem me forçar a sentir o que não sinto por satisfação pessoal!
Por vaidade!
Um falso mundo cheio de boas intenções.
Querem me vender fugas da realidade.
Diversão.
Vender fidelidade.
Querem me vender gostos variados.
Querem me vender remédios para a dor.
Querem me vender emuladores da vida real.
Soluções para meus problemas.
Querem me vender ideologias.
Querem me vender ídolos.
Interesses e intenções.


Compactuar com um mundinho que não me interessa.

Querem me alimentar do que sinto fome.
Querem me fazer gostar do gosto que me azeda!

Oh, foda-se!

Rótulos e dores de cu universal!
Não estou interessado em promoções.

sábado, 9 de março de 2013

O sentimento de angustia


O que venho sentido, é o tempo, o tempo que levamos para notar o amor de quem realmente está ao nosso lado.
O tempo que desperdiçamos com coisas fúteis.
O tempo que desejamos liberdade, mas uma liberdade limitada em um tempo que passará e não deixará rastros de amor.
Um tempo que passará, e nos restará somente solidão.

O tempo do desperdício, onde um dia achou que estar livre é somente seguir e fazer somente aquilo que sentes vontade.
A liberdade não consiste somente em fazer sua própria vontade, mas as vezes também em fugir dela.
Assim como o amor não está somente em amar quando merecer ser amado, mas amar também quando não houver mérito, quando não merecer ser amado, e então estarás pondo em prática o real sentido da palavra "Amar"
Assim estarás colocando em prática o amor que revela o real sentido do sentimento.


Vago pela madrugada, penso em me livrar desta vontade.
Puxo o ar em encontro aos meus pulmões, mas não é o suficiente.
Falta alguma coisa.

Esta velha angústia...
Esta angústia que trago há séculos em mim.
Transbordou da vasilha.
Em lágrimas, em grandes imaginações.
Em sonhos, estilo pesadelo sem terror.
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.
Transbordou.

Um dia, você sente algo pelo qual nunca sentira, e você tem certeza.
Tem certeza que guardará aquilo para sempre.

Falta alguma coisa.
Quando você para pra pensar, você pensa em um precipício.
Você olha para baixo, pensa em se jogar...
Você não sabe se há um fim, mas você sente que deve fazer aquilo.
Não há uma razão.
Só há loucura, e seu corpo treme.
Sente seu coração bate forte, sente um aperto no peito.
Sente vontade de chorar feito criança.


Você sente saudade e não sabe do que.
Tem a sensação de estar incompleto.
Um frio selvagem lhe toma por completo.
Me sinto mal.

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém.
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Pálido e frio
Estou lúcido e louco.
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim...

Estou doente, e a cura me ignora.
Ela quer me deixar morrer.
A cura não quer me curar.
A cura tornou-se meu inferno, minha loucura.

Eu sou o horror dos meus horrores.
Eu sou a maldição que me amaldiçoa.

Enquanto eu tentava lhe chamar atenção.
Enquanto eu lhe observava atentamente...
Você me oferecia o seu ombro virado
Tudo isso, e eu dormi calado.


O tempo...
Perdeu seu tempo.


Jonathan Villaça

04:46

10/03/2013

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Online Project management