quinta-feira, 9 de abril de 2015

Prévia suja

Lá vem ela, toda gostosa, e eu nem ligo, nem me importo...
Apenas penso, e me tranco cá dentro, sem disfarce algum, cruelmente querendo o gosto do seu tempero amargo, doce e sujo.  Esse sou eu... Um puto cínico.

Não existe amor, embora eu lhe ame agora, mas nesse momento...

De canto, no escuro, a luz fraca de outro dia sobre seu rosto...


Sua proposta me seduz, me inquieta e invade meu sono...
Meu sonho, meu esquecimento pelo alheio, nada me interessa mais.
Minha sede e minha fome se concentra naquela cena suja, você toda nua e suada... Sua pele sobre a minha... Seus movimentos, seu olhar feroz...
Faça-me sangrar agora, amor; enterre suas unhas sobre minha pele...
Sou seu marginal, sou sua dor... Seu sofrimento, seu prazer...

O vento seco sobre o rosto, o cheiro de vela...
Então escorre sangue pela boca... - Essa filha da puta, ela é mesmo uma delícia.

Jonathan Villaça

Vômito

Desdobra-me, não se vá no agora de outrora, não me toque tão fria, não me faça tão rígido.
Você mulher, foi a porção do veneno, da loucura...
Tu, mulher, me deixaste embriagado.
Então se foi em silêncio, transformando-me vítima da ilusão.
Tu, mulher, me cavou profundo vazio...
Com o gosto de sangue escorria pela boca, com a cegueira da luz que me roubou.
Demônio, beleza essa a sua de tão suja.
Quero lhe dizer, que não me importo mais... Pois nada sinto.
Engana-te tu, na sua verdade que ao impor  tornou-se a mentira.

Jonathan Villaça

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Tarde Vermelha

Tarde vermelha, a carnificina já estava feita. Não era sede de vingança, tão pouco medo de morrer, o único prazer estava em ver sofrer. Morte, sangue e psicose. O único propósito era matar, alimentar o insano prazer, o vício em ver uma cena vermelha repleta de dor e sofrimento. 
Quando o medo bate na porta do mais forte, quando a dor se apresenta em silêncio, ela se torna agonizante, e o forte não tem força que suporte. Quando a freqüência do pulsar aumenta, a tortura se torna insuportável a quem sente. 

Alguma vez você pensou na morte? 
Em silêncio, ou de modo que possam ouvir?

A primeira vez que vi a morte de perto, foi quando eu tinha nove anos. Foi em uma manhã de domingo, onde todos se dirigiam para adoração de Jesus Cristo, o santo filho de Deus. Aquele que morreu na cruz por cada grão de areia deste Planeta chamado “Terra” 
O Padre Antônio era um homem muito respeitado e querido por todos da região, tinha sempre uma lição de vida para cada ovelha. 
Em algum momento que me vem a cabeça como um soco na mente e me causa uma certa ânsia, acho que foi durante a oração de São Sebastião que um menino Ruivo, bem branquinho e olhos negros, que pelo qual era um de seus ajudantes, surgiu e disparou 6 tiros na cabeça do Padre Antônio. Lembro que o menino deu um leve sorriso, observou todas as pessoas presentes e paralisadas com a situação Psicótica, e sentou acariciando a cabeça do pobre senhor. 


Quando o sol se esconde e a sombra toca a terra, surge a marca de um homem e sua jaqueta preta. Suas botas silenciosas e gotas que carimbam a terra do Pecado. 
O cheiro de pólvora e ferrugem. Pulsares intensos que se silenciam ao eterno.

[...]

Jonathan Villaça

domingo, 1 de dezembro de 2013

Sobre Tudo aquilo que não sei dizer

Acordei em silêncio, atento aos pensamentos, ao mundo, meu mundo.
Pensei em lhe dizer tantas coisas...
Das coisas que sinto...
De minha caixa em segredos, somente eu li.
Escrevi mil coisas, mil rastros e chorei na saudade.

Eu sei, é tudo tão estranho...
O tempo muda a gente o tempo inteiro.

Na saudade eu não sei dizer, e essa angustia me agoniza sobre todas as coisas que quero dizer.
Como um livro fechado, difícil de entender, difícil de suportar.
A sensação de que só sei expressar tudo isso com um único olhar, um único abraço e carinho.
As vezes sou café, as vezes sou apenas poeira vagando por imensidões desconhecidas.

Meus universos são rabiscos... E lá, bem lá no fundo há uma mensagem.
Uma única palavra, sobre todas as coisas que eu poderia dizer e não disse.
Sobre o tempo. Sobre o agora, o passado e o momento futuro que ainda não sei.
Sobre a saudade, sobre tudo aquilo que não me aconteceu.
Eu quero olhar bem no fundo de seus olhos, eu quero observar seus universos.
Seus instantes...
Sentir o seu circular, seus batimentos, seu coração...
Eu estarei aqui, por perto, embora não note.

E se eu puder fazer por ti o que ninguém jamais fez por mim, eu faço.

Observo suas constelações e durmo tranquilo.

Jonathan Villaça

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Não sei expressar

Vejo seu rosto se desfazer em pequenos pedaços de papéis pálidos, sua cor, seu deslumbre.
Sinto meu corpo queimar na medida que começas a esfriar. Sinto a alma adormecer em laços frios e laminados.

Porque embora eu não saiba expressar este sentimento, deixarei as frechas abertas por onde o vento quiser ir.
E se quiseres correr junto de mim, talvez me encontre em pensamentos.
Corri sem os pés no chão, e já estou longe do ponto verde que um dia deixei em aberto.
Havia uma passagem segura, onde agora só se encontram rochas impenetráveis.
Os dedos amarelos transparecem marcas da inquietude, de uma dor solitária.
Porque sinto sozinho.
Observo o céu nebuloso e em meus sonhos nuvens parecem me devorar, a chuva fria parece refletir minha tempestade.
E se pudesse dividir o tempo em dois, eu destruiria qualquer possibilidade de um encontro, e morreria neste mundo para poder
viver em outro sem que houvesse a possibilidade de que pudesses me conhecer.
Pelo bem seu.

Vidro. Espatifa-los na parede para que possamos pisar e sangrar sem dor.
Reflexo. Para que possas me olhar no espelho e não lembrar, tão pouco me enxergar.

Sonhos. Ondas gigantes vem para me quebrar ao meio.
Nadei até perder as forças. Olhei minhas feridas e vi que elas são só minhas.
Tijolos na parede. Estavam todas descascadas por dentro assim como eu.

Vago por traços e detalhes, observo quando me lê sem que digas nada.

Acordei assim, sem que pudesses me ouvir. Não quero.
Sinto dormência nos pés.

Eu poderia sorrir.
Eu poderia lhe contar uma história sobre dois pássaros. Um que dorme na floresta e outro que mora no porão.

Saturno

Suas qualidades variam em melhorias pioradas.

Suas flores no quintal despencam feito pedras, e suas rochas foram anuladas por vaidade de bijuteria.

Suas variedades translutam ao sol, sua anulação por busca real se esconde em sombra vertical.
Seu afastamento me amarga, seu ego me anula, sua priva me descalça em agulhas que queimam os pés.

Onde fores, não me destruas.
Onde estiveres, não me aborte.

Saturno me despenca de seus anéis furiosos, saturno em 27 talvez me complete o ciclo em fim.
Saturno a meia volta em menos 5 ou 6 talvez, se despenque antecipado ao sono.

Seu abismo universal transcende o meu centro pulsante que quase para.

Você tocou suas estrelas em bolso, suas pequenas e belas estrelas cadentes.
Não chore a esta distancia... Todas as horas já se foram passadas.

Ele encontrou seu horizonte em seus pulsos...
Subiu em sua espacionave com a certeza de que nunca houve um lugar para ele neste mundo.
Com a certeza que nunca encontraria o seu lugar e que era preciso partir.

Sabendo que saturno não está orbitando nada.
Que está por conta própria.

Não, não chore quando estrelas se despencarem dos céus...

Saturno retorna quando você persegue suas luas.
Jogue-as numa nova gravidade.

domingo, 11 de agosto de 2013

Pequenos rastros e fendas

Todos os pesadelos foram meus
Todos os horrores foram meus
Todos os motivos foram meus
Onde eu poderia jogar o meu eu pessoal?
A alma parece queimar, meu estômago e minha ânsia

Se eu nao consigo dormir, suas imagens me assombram e sua presença sapateia sobre o meu ser.
Onde é que está agora?
Jogue sal grosso sobre minha carne, me conserve em um pote de vidro.

Eu não tenho o direito
Vento quente, leve-me aos seus sinos silenciosos

Force-me um sorriso, um disfarce
Um olhar, uma criança
Uma presença, uma esperança
Um vazio, uma garrafa que me traga alguma paz

Ninhos de sal, caiam sobre minhas feridas
Vento de chuva, espuma e vestígios do que sobrou

Eu me sinto cansado e com raiva

Cave seu pequeno buraco, verdade guardada em segurança
Eu serei meu próprio convidado em minhas esperanças enterradas.
Eu serei meu próprio alimento longe dessa loucura.
Vou prender a mim mesmo e vestir uma proteção.
Sufoco e reação é tudo o que temos.

Atestado para o invisível
Acalente seu irmão, seu amigo
Amordace-o antes do inferno.

Jonathan Villaça

 
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